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Sofrimento Fetal

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Mensagem  Djane Senna Qui Out 07, 2010 10:59 am

Mecônio nada mais é senão o cocô fetal. Há dois motivos para que ele seja eliminado ainda durante a gravidez, ou seja, para que o feto faça cocô dentro do útero: MATURIDADE FETAL, porque o intestino está funcionando a
contento, o que é um bom sinal, e SOFRIMENTO FETAL, porque quando o feto está mal oxigenado aumenta a contratilidade dos intestinos e relaxam-se os esfíncteres (como quando estamos em uma situação de estresse).

Em um feto bem oxigenado, que elimina mecônio apenas porque está maduro, sua presença não traz maiores (aliás, nem menores) problemas. Esse feto maduríssimo e pronto para evacuar a cada instante também faz xixi dentro da barriga. O xixi fetal é a principal fonte de produção do líquido amniótico, e quanto mais líquido mais fácil fica de o mecônio se diluir. Um bom volume de líquido amniótico indica que os rins fetais estão funcionando a contento, bem perfundidos (ou seja, o sangue chega lá e irriga bem os rins). Esse mecônio diluído dá o aspecto que chamamos de "tinto de mecônio" ou "mecônio fluido". Aí, também, sem repercussões desfavoráveis. Evidências ultra-sonográficas sugerem que o feto pode evacuar algumas vezes dentro do útero e, ao nascimento, encontrar-se líquido CLARO,

Se o líquido amniótico está diminuído, não há como diluir o mecônio, aí temos o MECÔNIO ESPESSO, podendo mesmo assumir o aspecto característico de papa de ervilhas". A preocupação nesse caso é com o motivo pelo qual o mecônio está espesso, porque o líquido amniótico pode estar diminuído fisiologicamente no final da gravidez e nas gestações pós-termo (que ultrapassam 42 semanas) ou por insuficiência placentária, reduzindo o fluxo sanguíneo para os rins fetais.

O risco de aspiração do mecônio e desenvolvimento de um quadro de pneumonite grave (Síndrome de Aspiração Meconial) é a maior preocupação nesses casos de mecônio espesso. Entretanto, o quadro só ocorre em bebês em sofrimento, que fazem movimentos de 'gasping' dentro do útero e, ao nascer, não têm os mecanismos fisiológicos para 'clarear' o mecônio. Bebês hígidos, saudáveis, podem até aspirar mecônio mas os mecanismos pulmonares normais entram em ação para eliminar esse mecônio.

Concluímos, portanto, que o fundamental é distinguir se o bebê se encontra ou não em sofrimento. A ausculta dos batimentos cardíacos fetais (BCF) continua sendo a forma não-invasiva mais eficiente de se monitorizar o bem-estar fetal, podendo ser realizada de forma intermitente (com o sonar Doppler) ou contínua (pela cardiotocografia). Uma boa ausculta fetal durante o trabalho de parto é tranquilizadora. Se há alteração dos batimentos e a freqüência cardíaca fetal assume um padrão "não-tranquilizador", está indicada a antecipação do parto, que pode ser por cesariana ou, se o evento ocorre no período expulsivo, através de fórceps ou vácuo-extração.

Alguns estudos apontam para um possível efeito benéfico da amnioinfusão (instilação de soro na cavidade amniótica por via cervical), no sentido de prevenir as desacelerações freqüentes nos casos de oligo-hidrâmnio, porém ainda não há evidências suficientes para apoiar sua indicação rotineira. De acordo com a revisão sistemática da Cochrane, o procedimento pode levar a redução das taxas de cesariana por 'sofrimento fetal'."

por: Dra. Melânia Amorim

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Mensagem  Djane Senna Qui Out 07, 2010 11:03 am

Relato de parto de Roberta Marcinkowski - Nascimento da Júlia
Um lindo parto natural hospitalar depois de 30 horas de bolsa rota, mecônio e muita ansiedade


A minha bolsa rompeu à 1:30 da manhã do dia 13. Eu liguei para a Ana Cris (doula). Meu marido Luca ainda não tinha chegado dos EUA, ia chegar por volta das 8 da manhã. Comecei a ter contrações de 5 em 5 minutos e monitorei por mais ou menos 1 hora antes de ligar novamente para a Ana. Ela veio para a minha casa e ficou me fazendo companhia. O Luca chegou de viagem e por volta de 10 da manhã o doutor Jorge passou para dar uma olhada no meu estado. Eu estava com apenas 1 cm de dilatação. Havia mecônio no líquido amniótico e ele recomendou que eu tomasse bastante líquido. Ele e a Ana foram embora por volta do meio-dia, as contrações ficaram um pouco mais espaçadas. Aproveitamos para descansar.

À noite, eu comecei a tomar o antibiótico, já fazia 18 horas do rompimento da bolsa. As contrações estavam de 10 em 10 minutos ou até mais. Consegui dormir relativamente bem.

Na manhã seguinte, o doutor Jorge me mandou ir ao Santa Catarina fazer um ultra-som, cardiotocografia e uns exames de sangue. Cheguei lá por volta de 8 da manhã e soube que o parto da Denise Niy (participante da lista materna) também estava em curso. Isso significava que a dra. Mema, a dra Andrea e a Ana Cris estavam lá também. Fiz os exames e ficamos esperando os resultados que ficaram prontos perto de meio-dia. As contrações estavam de 7 em 7 minutos nesse momento. A enfermeira passou os resultados para o doutor Jorge por telefone e ele pediu para a dra. Mema fazer um exame especular. Ela me disse para almoçar primeiro. Fomos andando até o Shopping Paulista e eu percebi que as contrações começaram a ficar mais frequentes, de 3 em 3 minutos.

Quando eu voltei, ela me examinou e eu já estava com 4,5 de dilatação. Fui internada por volta de 1:30 da tarde e as contrações foram ficando mais fortes.

Fiquei sozinha na LDR por um bom tempo enquanto o Luca tratava dos papéis da internação. Eu andava durante as contrações, o que aliviava bem. A Ana Cris trouxe a bola para eu usar e vinha de vez em quando ver como eu estava. Eu fiquei no chuveiro um tempo também.Quando o parto da Denise acabou, elas vieram para o meu e eu já estava com muita dor. A dilatação estava de 6 para 7 e eu pedi que elas me dessem anestesia. A dor era muito intensa e eu sentia muita náusea também. A dra. Mema me deu então uma injeção de buscopan com plasil até que o doutor Jorge chegasse. Eu estava muito certa de querer a anestesia. O Luca esteve ao meu lado o tempo todo, tentando me apoiar e fazer qualquer coisa que me ajudasse. Ele sugeria que eu fosse para o chuveiro, mas eu não conseguia nem responder ao que ele falava.

O doutor Jorge chegou e a primeira coisa que eu disse foi "eu quero anestesia". Ele me disse para ter um pouco de calma para que ele soubesse primeiro o que estava acontecendo e a medicação pudesse ter algum efeito. Eu já estava vendo estrelas de tanta dor e numa contração mais forte, vomitei, urinei e evacuei ao mesmo tempo. Ele decidiu fazer um toque e a dilatação estava em 9cm! Eu achei que ele e a Ana Cris estavam me enganando, mas o fato é que com aquela sujeirada toda eu decidi ir para o chuveiro. Fiquei lá por mais de 1 hora e realmente ficou óbvio que o expulsivo tinha chegado. Debaixo d'água, as contrações ficaram muito mais suportáveis, mas eu gritava bastante em cada uma delas. A Ana Cris e a dra. Mema se revezavam no banheiro. Eu fiquei mais ou menos uma meia-hora na banqueta de parto e a Júlia estava descendo relativamente rápido.Fui para a cama e com instruções muito específicas de como fazer força durante as contrações, em meia-hora a Júlia nasceu, toda envolta em mecônio. Depois de uma limpadinha básica da Ana Paula, ela veio para o meu colo, já com os olhos abertos e ficou me olhando intensamente durante muito tempo. Deu uma mamadinha e ficou lá até a Ana levá-la para ser pesada. A placenta saiu em menos de 10 minutos também e eu já estava me sentindo muito bem e renovada, conversando com todos e extremamente impressionada com o fato de que tinha conseguido. Nem me incomodei com os pontinhos que tive que levar por causa da laceração.

A Júlia é linda e muito tranquila.

Agradeço muito:

• À dra. Mema, que induziu o parto naturalmente me mandando almoçar e subir escadas no shopping e fez uma sauna enorme comigo no banheiro durante o expulsivo.

• À dra. Andrea, que segurou a minha perna direita durante a fase final do nascimento e me deu um beijo muito carinhoso de despedida.

• À Ana Cris, que confiou em mim mais do que eu mesma e me deu todo o apoio desde o início.

• À Ana Paula (neonatologista), que permitiu que a Júlia ficasse comigo o tempo todo e que ajudou a escapar das terríveis rotinas que ela teria enfrentado com a equipe de pediatria do Hospital.

• Ao doutor Jorge, "gerente" da mulherada, que segurou a barra de esperar pelo meu trabalho de parto, depois de mais de 30 horas de bolsa rota, com mecônio e a minha hipertensão crônica e que deu as instruções certas na hora certa para eu conseguir fazer a Júlia nascer.

• Finalmente, ao Luca, que me surpreendeu participando de tudo, tentando me ajudar, que conseguiu ver a filha nascer e cortou o cordão umbilical e que está babando nela até agora.

Roberta Marcinkowski
São Paulo - SP
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